36 anos da Greve de 1988 na CSN: memória de resistência e luta operária

Sintonia do Vale • 9 de novembro de 2024

Ouça nossa reportagem especial com o Padre Juarez Sampaio



Neste sábado, 9 de novembro de 2024, completam-se 36 anos da histórica greve de 1988 na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, no Sul Fluminense. O movimento, que se tornou um marco na luta pelos direitos trabalhistas no Brasil, mobilizou cerca de 10 mil operários e foi marcado por coragem, resistência e tragédia, resultando na morte de Carlos Augusto Barroso (19 anos), Valmir Freitas Monteiro (27 anos) e William Fernandes Leite (22 anos). As mortes desses trabalhadores, ocorridas em 9 de novembro de 1988, são lembradas como símbolos de uma luta que marcou a história das mobilizações sociais no país.

A paralisação, que começou em 7 de novembro de 1988, teve duração de 17 dias, durante os quais os trabalhadores reivindicaram reposição salarial, pagamento da URP (Unidade de Referência de Preços) com correção e a implantação de turnos de trabalho de seis horas. O movimento se intensificou em um momento de transição democrática no Brasil, durante o governo de José Sarney, e teve como líderes figuras como o deputado federal Juarez Antunes e o bispo Dom Waldyr Calheiros, da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda.

Conhecido como o "bispo de sangue" por sua atuação em prol dos trabalhadores e dos mais necessitados, Dom Waldyr desempenhou um papel crucial durante a greve, atuando nas negociações para encerrar o conflito. Ele também denunciou a violência e a repressão enfrentadas pelos operários, consolidando seu legado como defensor dos direitos humanos e da justiça social.

A memória desse movimento é mantida viva por meio do Monumento 9 de Novembro, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, localizado na Praça Juarez Antunes, em frente à Usina Presidente Vargas. Inaugurado em 1989, o monumento foi alvo de um atentado com explosivos logo após sua instalação, mas foi reconstruído e preserva até hoje as marcas da violência como símbolo de resistência. A praça também abriga uma estátua de Dom Waldyr, colocada em 2014, um ano após sua morte, reforçando sua relevância na história de luta dos trabalhadores.

Um legado que inspira

Três décadas e meia depois, a greve de 1988 permanece como um testemunho da importância da organização e resistência da classe trabalhadora. O sacrifício de Barroso, Valmir e William, bem como a liderança de Dom Waldyr, continuam a inspirar movimentos sociais e a memória coletiva na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

A lembrança do episódio reafirma a importância de preservar a história de lutas como essa, mantendo vivas as lições de coragem e solidariedade para as gerações futuras.



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